
Boa noite,
Estamos numa época de combate à crise, como tal, há que gastar muito dinheiro para se gerar mais dinheiro...
Por vezes quero um pouco de silêncio...
Sossego...
Por vezes adoro a confusão...
Agitação...
Quero silêncio quando preciso de te ter em mim...
Pensar-te...
Imaginar-te ali a meu lado...
Aquela agitação, nos momentos em que me enches o pensamento...
Alturas em que me faz mal pensar em ti...
Preciso de ti perto mas longe...
Quero-te longe mas sempre perto...
Não te tenho aqui quando quero...
Estas aqui mesmo quando não preciso...
Da-me espaço...
Não fujas...
Abraça-me naqueles momentos...
Olha-me ao longe apenas...
Da-me tudo sem me dares nada...
Aquele local...
Outrora cheio de vida...
O assobio do vento passava despercebido entre os cantos dos passaros...
Havia vida naquele cantinho perdido que chamei de porto de abrigo...
Cor, o arco-iris, passaros, peixes, sorrisos e tu...
Olho-o agora...
Vazio...
O cais irrecohecivel...
Abandonado...
O mar, calmo e assustador...
No céu, nada mais que o vento passeando lentamente spbre um manto cinza e frio...
Sento-me no cais, ou o que resta dele...
Nesse instante o tempo passa por mim a correr...
Sou um fragmento da vida...
Ali abandonado como tu, em tempos o meu refugio...
Por dentro de mim, nada mais existe agora que um vazio...
Não há vida...
Apenas eu, um traço de lapis a carvão numa folha branca por entre rabiscos de uma paisagem morta e adormecida...
Quis chorar-te...
Tirar-te de mim...
Não o fiz...
Não quero que partas...
Não quero que saias...
És o sol que brilha em mim...
Se partes, fico sem cor...
O meu caminho ficaria incerto...
Como iria saber destinguir o dia da noite...
Iria estar perdido...
Não te quero chorar...
Não te quero ver partir...
Aguento a lágrima porque te quero aqui...
Partiste sem olhar para trás...
A distância entre nós aumenta...
O vazio instala-se...
A tristeza abate-se e com ela trazendo as memórias dos tempos passados...
Pareço uma estatua...
Imovél sem saber que fazer...
Porque vais?
Porque não ficas?
Porque não vou atrás de ti...
Espero que pares, olhes para trás e...
Nada...
Observo-te enquanto desapareces no horizonte...
Parte de mim parte contigo...
O sorriso que tinha foi-se...
As nuvens escondem agora o sol...
Preto e branco tomam conta do que antes era inundado pelo arco-iris...
O brilho no olhar, transforma-se em lágrima...
Rosto triste outrora alegre e vivo...
Até o mar se retrai...
A maré baixa, levando de mim as ondas, sabendo bem que preciso delas...
Abro um livro, as palavras parecem não existir...
Folhas brancas, apenas isso o que vejo...
Onde está a brisa que todos os dias me acarinhava o rosto, lembrando-me de ti...
Não é possivel que isto seja real...
Um sonho, nem pensar...
Quero acordar se assim for...
O sol...
As ondas do mar...
Arco-iris...
Quero isso tudo...
Quero sorrir...
A areia molhada...
Todos os dias...
Lá me passeio eu, nessa linha que nos divide...
A terra firme do infinito...
Ouço-te ao longe...
Beijas-me com o rebentar das ondas...
Salgas-me o corpo...
O teu toque é unico...
Quero entrar por ti...
Não invadir-te...
Sentir-me teu...
Navegar contigo...
Vejo-te brincar debaixo do calor intenso do sol...
Adormeces, tendo a lua como teu manto...
Sinto-me preso...
Não consigo perceber se és tu...
Serei eu?
Prendes-me?
Serei eu que não me consigo libertar?
Esse teu jeito de menina que me enlouquece...
O teu toque...
Suspiras e amarras-me com palavras...
Não me agarras...
Olhas-me...
Vejo-te no teu todo...
Luto com o meu interior...
Não posso...
Mas quero...
Larga-me...
Não me deixes...
Quem és tu que me leva à loucura...
Desvias o olhar...
Solras-me...
Não consigo partir...
Porque recuas tu...
Segues o teu caminho...
Dizes-me...Estarei aqui...
Sempre...
Tenho-te em meus braços...
Despida...
Teu corpo nu perde-se no meu nu...
O calor que libertas, encontra-se com o meu...
Dois corpos, um só...
Os ritmos tentando encontrar-se...
Respiração ofegante...
Deito-te...
Observo-te...
Tento com isto parar o tempo...
Manter-te ai... Imortal...
Bela e pura...
Desejo-te...Desejas-me...
Olho-te nos olhos e paro...
Chamas-me...
Convidas-me a ter-te...
Possuir-te...
Não quero...
Hesito...
O receio de que este momento mágico termine...
Termine, demasiado rápido...
Tu, ai deitada...
Observo-te e deixo-me ficar...
sinto-te deslizar em mim...
suavidade do teu toque...
a intensidade que me abraça...
os meus olhos fechados teimam em não se abrir...
quero viver este momento como se fosse o ultimo...
aquele, unico e ultimo travo de oxigénio...
és a sombra que me persegue...
a minha loucura mais intensa...
secreta e louca...
ver-te era o que queria...
tocar-te, o meu desejo...
como te reconhecer?
és um sonho que vivo de olhos fechados...
queria sonhar-te ao vivo e a cores...
pintar em ti o arco-iris...
não sei quem és...
não sei como serás...
como te terei?
que preciso fazer para viver um sonho?
Sinto que não passou disso...
Um toque...
A tua mão na minha...
Aquele sentir suave da tua pele em mim...
O calor que me fizeste sentir,
sobre o fogo que me consumia...
Gelaste-me...
Quis mais, mas...
Olhaste-me nos olhos...
Sorriste-me...
Não percebi...
Suavemente, levas a tua mão ao meu rosto...
Fechas-me os olhos...
Deslizas o teu dedo pelos meus lábios...
Pegas-me nas mãos...
Um vazio entre nós...
Abro os olhos...
Não te vejo...
Olho as minhas mãos,
Ali abertas à minha frente...
Uma rosa nelas...
Rosa branca...
A tua pureza...
Pensei...
Não posso querer o Mundo,
Quando a beleza está apenas num ser...
Palavras que não querem aparecer...
Linhas em branco...
As folhas vazias de vida...
Um livro adormecido pelo silêncio...
Páginas e páginas mortas...
Uma só palavra e tudo mudava...