sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Memórias...


Memórias...

Olho para o álbum,
o velho álbum de fotografias,
que está abandonado,
perdido no esquecimento,
na prateleira,
esperando que alguém o agarre,
e liberte as memórias...
Velhas fotografias,
que com o passar do tempo,
não perdem apenas a cor,
a vida,
mas também o sentido...
Ganho forças,
ganho coragem,
e pego naquele velho livro,
no álbum esquecido...
Respiro fundo,
enquanto olho para a capa gasta,
ao mesmo tempo que as memórias do passado,
começam agora a invadir-me o pensamento...
Preparo-me para uma viagem ao passado,
onde alguns fantasmas,
serão acordados,
e ficarão por cá mesmo depois de voltar a fechar o álbum...
Abro a capa,
um arrepio,
uma lágrima...
Só estou eu e o álbum,
mas tenho de ser forte perante ele,
não posso deixar que o passado me derrube,
que me faça ir abaixo,
mas ao mesmo tempo,
sinto que preciso combater isto...
Viro as páginas,
algumas duas a duas,
tentando que aquilo chegue ao fim depressa...
Paro em algumas,
demoro mais um pouco,
aquelas em que reconheço um rosto feliz,
de sorriso sincero,
puro e que expira felicidade...
Um rosto,
que agora,
quando olho no espelho,
não consigo reconhecer,
o sorriso,
por vezes é forçado,
devido à tristeza que se instalou em mim
e que de alguma forma,
me vai consumindo aos poucos...
Em algumas páginas,
as lágrimas,
tornam-se livres e não as consigo segurar...
Uma fotografia faz-me parar,
quero virar a página mas não consigo...
A felicidade,
a união que está ali imortalizada,
e que hoje é inexistente,
faz-me pensar,
se realmente,
naquele dia haveria a felicidade,
que ali está retratada...
Fecho a mão,
cerro os punhos,
a raiva,
que por vezes corre nas veias,
sobressai...
Tenho de fechar o álbum,
colocá-lo na prateleira...
Pensei que conseguia,
pensei que iria ser mais forte,
mas ainda doi,
ainda doi muito...
Um dia,
talvez consiga voltar a abrir o álbum,
e ser mais forte...

Nuno Miguel Miranda
“Parvoices” de Um Sonhador


sábado, 5 de janeiro de 2013

À Janela...


À janela...

Acordo todas as manhãs,
a luz invade este espaço,
onde todas as noites me entrego,
em viagens por sonhos e desejos,
na esperança de acordar,
noutro local,
num sonho,
que chame realidade...
Vou até à janela,
o azul do mar,
estende pelo infinito,
como manto que cobre,
o caminho desde aqui,
até aos sonhos...
O longo caminho,
infinito caminho até aos sonhos,
nem sempre realizaveis...
Queria poder ter asas,
sair pela janela,
e guiar-me pelo manto,
voando até eles,
voando livremente,
em direcção ao nem sempre alcansavel,
mundo dos sonhos,
onde a realidade acontece,
dando lugar à felicidade...
Perco horas,
até dias inteiros,
ali à janela...
Vejo o tempo passar por mim,
alterando os tons do céu,
dando sinais de que o tempo avança,
não pára,
mas não me levando daqui...
Olho pela janela,
para a luz que a atinge,
esperando que a noite chegue,
para poder de novo sonhar...

Nuno Miguel Miranda
"Parvoices" De Um Sonhador