quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mulher...




















Acorda cedo,
veste a roupa de trabalho,
lá fora,
a selva aguarda-a...
Arregaça as mangas,
põe de lado as diferenças
e luta lado a lado dos homens...
Os demais,
olham para ela de cima,
ao mesmo nivel,
muitos tentando quebrar a sua figura...
A sua fragilidade,
por vezes apenas se nota,
nas lágrimas,
que em silêncio e com dor ela derrama,
muitas vezes,
já no seu conforto de casa,
aquele seu ninho,
seu refúgio...
É quando a noite chega,
no seu cantinho,
que se despe,
e coloca a sensualidade...
Sensualidade natural,
que a faz ser mais mulher,
em que toma as rédeas sobre a noite,
e quem nela vagueia e a procura...
Do alto do seu trono,
é Mulher,
dona de si,
que não vira as costas,
a desafios,
a lutas,
e sorri em cada batalha...
É mulher,
é forte,
é frágil,
mas é sempre ela...

Nuno Miguel Miranda
“Parvoices” de Um Sonhador

terça-feira, 14 de maio de 2013

Não quero apenas sonhar...


Não quero apenas sonhar...

Não quero sonhar apenas...
Não quero adormecer sabendo que depois vou acordar sem ter tido proveito nenhum...
Não quero apenas dormir...
Quero fazer das noites,
os meus dias,
aqueles dias em que tudo será diferente...
Quero que as noites,
sejam o meu mundo,
o mundo de loucuras,
de fantasias,
de possiveis e impossiveis...
Quero voar,
ser um super-herói,
um poeta,
um louco,
um simples sonhador,
ou até mesmo,
ser apenas eu...
Ser eu,
de sorriso no rosto,
lágrimas a escorrerem pela face,
cantando de alegria,
derrotado e abandonado num canto...
Quero sonhar à noite,
viver os sonhos,
que durante o dia,
são apenas fragmentos de um momento,
são memórias mal recordadas,
são apenas sonhos...
Quero viver,
enquanto durmo,
quero ser livre,
sorrir e ser feliz...
É quando chega a noite,
que o meu corpo,
ganha nova vida,
uma adrenalina adormecida,
que explode em emoções,
sensações e outras coisas mais...
Portanto,
não quero apenas sonhar,
quero viver...

Nuno Miguel Miranda
"Parvoices" de Um Sonhador

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Queria ter forças...


Queria ter forças,
ser forte,
conseguir ignorar,
esquecer e até,
quem sabe,
ultrapassar isto...
Não consigo,
é mais forte que eu,
mas não creio que seja fraco,
mas sim,
humano...
Isto,
dá cabo de mim,
aos poucos,
vai-me consumindo,
levando-me a pensar em tudo,
até naquilo que não devo...
Neste momento,
apenas queria poder apagar o passado,
cortar os laços,
esquecer que são meus,
ignorá-los e seguir em frente,
mas é tão dificil,
muito dificil mesmo...
A raiva que corre por dentro,
vulcão adormecido,
que tento controlar,
sabendo que a sua natureza é explodir...
Não sei quanto tempo mais,
irei conseguir aguentar a represa,
sem que ela rebente,
sem que as águas ganhem vida e se tornem livres,
e sejam devastadoras à sua passagem feroz...
Não quero chegar a esse ponto,
isso eu sei,
é a certeza que tenho...
Quero antes disso,
ganhar asas,
voar para fora deste ninho,
que à muito deixou de ser porto de abrigo,
e se tornou apenas em ponto de passagem...
Tenho novos rumos,
novos destinos,
novos sentidos...
Não quero ser uma fénix,
não quero renascer depois de explodir,
não quero chegar a esse extremo...
Sei que serei capaz,
tenho a vontade,
tenho o apoio,
e mais importante,
tenho o caminho à minha frente e
a felicidade para caminhar de mãos dadas comigo...

Nuno Miguel Miranda
"Parvoices" de Um Sonhador

domingo, 7 de abril de 2013

Mergulho na noite...


Mergulho na noite...

Entrego-me à cidade,
despido de relógio,
ausente de mapas ou bússola...
Não tenho pressas,
não tenho destino traçado...
Deixo que as ruas me abracem,
me envolvam,
me absorvam nas suas histórias,
nas suas memórias...
No silêncio da noite,
cada esquina me aconselha,
cada avenida me convida,
cada candeeiro se oferece para me guiar...
Não quero,
este silêncio ensurdecedor,
quero viver o momento,
a cada passo que dou,
sem saber onde vou no passo seguinte...
Não há lua que transforme a noite em dia,
as estrelas,
que antes pintavam a noite como uma tela,
à muito que perderam a vontade de se mostrar...
Continuo,
absorvido pelas ruelas,
dançando com as pedras da calçada,
desenhando em cada rua,
novos padrões,
sem saber ao certo que me querem dizer...
Passo pelo Castelo,
ao longe vejo algumas colinas,
abraçando-as com o olhar...
As ideias que percorriam o pensamento,
os desafios que me incomodavam,
as indecisões que me sufocavam,
aos poucos se foram dissolvendo,
foram-se perdendo ao longo deste passeio,
que não tinha hora de começar,
sem pressas para terminar...
Aterro desta viagem,
num beijo ao Tejo,
deixando que as ondas provocadas pelos barcos,
me falem,
me beijem,
me levem a sonhar...
Abraço uma ultima vez a cidade,
agradecendo o silêncio,
a agitação,
a calma e a confusão que me proporciona e me ajuda...

Nuno Miguel Miranda
"Parvoices" de Um Sonhador

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ser livre...

Ser livre...

Hoje,
deixei que a caneta,
se libertasse,
sobre a folha de papel...
Livremente,
voasse sobre ela,
que nem cavalo selvagem que corre livre pelos campos...
Sem nada que a prendesse,
sem sentido,
sem orientação...
Fui vendo a folha branca,
ficar manchada pela tinta,
que saia da sua ponta,
deixando a sua marca,
deixando um pouco de si...
Livremente,
sobre a folha de papel,
a caneta deixou ideias,
sentimentos,
momentos,
memórias...
Por momentos,
queria ser a caneta,
tirar de mim,
um pouco disso tudo...
Libertar memórias,
soltar sentimentos,
deixar voar alguns momentos...
Ser livre...

Nuno Miguel Miranda
"Parvoices" de Um Sonhador